'Público adulto e nojento', diz mãe de adolescente que teve rosto usado em 'nudes' falsos feitos com IA
22/10/2025
(Foto: Reprodução) Polícia investiga uso de IA para criar 'nudes' falsos de alunas em Indaiatuba
As fotos das estudantes de um colégio particular de Indaiatuba (SP) vítimas do uso de inteligência artificial (IA) para criar imagens de nudez falsas foram distribuídas em sites pagos de conteúdo adulto e tiveram pelo menos 9 mil visualizações.
O relato é da mãe de uma das alunas, que preferiu não ser identificada. À EPTV, afiliada da TV Globo, ela contou que a menina não quer falar sobre o assunto e tem oscilado entre momentos de alegria e de raiva.
"Minha filha tinha quatro fotos e três vídeos, e essa pasta dela teve 9 mil visualizações. Fora isso, eles têm outro site onde as fotos estavam todas com o nome embaixo, que é um site que faz a transformação das crianças. Você pega o rosto e consegue fazer qualquer tipo de pornografia com isso. [...] É um público adulto, nojento", relatou a mãe.
Ainda de acordo com a mãe, as fotos das vítimas foram tiradas principalmente dos stories do Instagram, apesar de os perfis das menores serem restritos. “Então é alguém que tem acesso a essas redes”, analisou.
Mãe de adolescente que teve rosto usado em 'nudes' falsos feitos com IA preferiu não ser identificada
Reprodução/EPTV
Pelo menos 14 vítimas
Pelo menos 14 adolescentes foram à delegacia e denunciaram terem sido vítimas das montagens. As meninas têm entre 13 e 18 anos.
O primeiro caso foi registrado em 11 de setembro deste ano, após a mãe de uma aluna procurar a Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) porque uma amiga da filha descobriu as fotos em um site de conteúdo adulto.
Segundo o boletim de ocorrência, as imagens tinham milhares de curtidas e mostravam as meninas usando o uniforme escolar. Os rostos usados nas montagens eram de diversas estudantes do colégio, distribuídas entre várias turmas.
Identificação dos responsáveis
À Polícia Civil, a mãe da adolescente também relatou que as responsáveis pelas vítimas disseram em um grupo da escola que iriam à delegacia registrar a ocorrência e, instantes depois, as fotos foram removidas do site.
Três meninos de 14 anos foram apontados no boletim de ocorrência como “possíveis responsáveis pela disponibilização das fotos e montagens”.
Em nota, a Secretaria de Segurança Pública (SSP) informou que o caso foi registrado como vender ou expor à venda fotografia, vídeo ou outro registro e simular participação de criança ou adolescente em cena de sexo.
“A autoridade policial realizou oitivas com as vítimas e realiza diligências para esclarecer todos os fatos. Detalhes serão preservados por envolver menor de idade e por se tratar de crime sexual”, destacou.
G1 Explica: Deepfake
O que diz a escola
À EPTV, o colégio onde as vítimas estudam disse estar ciente do ocorrido e garantiu colaborar com as investigações e prestar apoio às famílias das estudantes.
"Aguardamos ansiosamente para que os responsáveis sejam identificados e punidos de acordo com a legislação em vigor", complementou, em nota.
*Estagiária sob supervisão.
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