Nunes pede rescisão de contrato com gestora do Theatro Municipal após funcionário criticar Charlie Kirk
20/09/2025
(Foto: Reprodução) Segundo o prefeito Ricardo Nunes (MDB), o rompimento do vínculo acontece principalmente após a publicação de um funcionário nas redes sociais.
Reprodução/TV Globo
O prefeito de São Paulo Ricardo Nunes (MDB) afirmou neste sábado (20) que iniciou o processo de rescisão do contrato a organização social responsável pela gestão do Complexo Theatro Municipal desde 2021, a Sustenidos, que terá 15 dias para recorrer da decisão.
O rompimento do vínculo acontece principalmente após a publicação de um funcionário nas redes sociais, criticando o ativista conservador americano Charlie Kirk, assassinado no início deste mês.
“Já havia uma série de problemas com o Tribunal de Contas, mas a postagem de um colaborador incentivando a violência foi a gota d’água", disse.
"Solicitamos que a organização demitisse a pessoa, mas ela não o fez. Portanto, pactuou com esse comportamento. E quem pactua com violência não serve para prestar serviço à Prefeitura."
Segundo o prefeito, as três principais razões são:
Notificações recorrentes do Tribunal de Contas do Município (TCM) sobre irregularidades no contrato desde 2023;
Um pedido de 28 vereadores para que o convênio fosse encerrado;
A recusa da Sustenidos em desligar um funcionário que publicou nas redes sociais uma postagem considerada como incentivo à violência, feita após o assassinato de Charles Kirk, nos Estados Unidos, no início de setembro.
Depois da morte de Charlie Kirk, que aconteceu no dia 10 de setembro depois de ser baleado durante um evento na Universidade Utah Valley, nos Estado Unidos, o então funcionário Pedro Guida divulgou uma publicação.
Nas redes sociais, o texto dizia que não "se deve chorar por trumpista". Na sequência, ele comparou o ativista americano a nazistas.
A Sustenidos vinha resistindo em demitir o funcionário. Por esse motivo, segundo Nunes, a prefeitura decidiu cancelar o contrato. A organização não se pronunciou até a última atualização desta reportagem. O g1 tenta localizar Pedro Guida.
Determinação do TCM
O tribunal já havia determinado, em acórdão de 2023, que um novo edital fosse lançado, mas a medida vinha sendo adiada pela Prefeitura. O ofício elaborado na Câmara Municipal reflete o interesse do corpo legislativo em ver resolvida apontada pelo TCM — um contrato considerado legalmente viciado desde a origem e mal-executado.
Na sexta-feira (19), a Prefeitura recebeu um ofício do Tribunal de Contas do Município (TCM) que cobrou explicações em até 48 horas sobre a abertura de um novo chamamento público para definir a próxima gestora.
O prefeito disse ainda que será necessário realizar um contrato emergencial para garantir a continuidade das atividades do complexo, até a conclusão do processo de licitação.
“Vamos trazer uma entidade séria, que respeite a vida e as pessoas. A Prefeitura não admite em hipótese alguma que uma organização social contratada incentive a violência”, reforçou Nunes.
Em nota conjunta, a Secretaria Municipal de Cultura e Economia Criativa e a Fundação Theatro Municipal confirmaram que estão conduzindo a rescisão em conformidade com a legislação e que um novo chamamento público será aberto para selecionar a próxima entidade gestora.
Durante o período de transição, será elaborado um Plano de Desmobilização para garantir a continuidade das atividades artísticas.
Histórico de irregularidades
O contrato firmado em 2021 entre a Fundação Theatro Municipal e a Sustenidos foi alvo de contestações desde a licitação. O TCM apontou falhas na avaliação das propostas, como a atribuição de pontuação irregular à entidade vencedora, ausência de comprovação de experiência mínima de integrantes e problemas na exequibilidade orçamentária.
Em 2021, o valor inicial do contrato foi de R$ 565,3 milhões para cinco anos. Desde então, relatórios internos da Fundação Theatro Municipal indicaram descumprimento de metas pactuadas, reforçando os questionamentos sobre a gestão.