A cada hora, 22 pessoas retiram medicamentos para saúde mental pelo SUS em Campinas
22/10/2025
(Foto: Reprodução) Cresce número de pacientes que recebem medicação psiquiátrica pelo SUS em Campinas
O número de pessoas que retiraram medicamentos para saúde mental pelo SUS em Campinas (SP) aumentou, de 24.462 em 2021 para 95.771 apenas no primeiro semestre de 2025 — uma média de 22 atendimentos por hora. Veja abaixo.
O crescimento foi de 291,51% em quatro anos. Só entre 2024 e 2025, o salto foi de 100,74%, mesmo com os dados parciais de 2025. Os dados são da Secretaria de Saúde de Campinas e foram obtidos pela EPTV, afiliada TV Globo, via Lei de Acesso à Informação.
Para o psiquiatra Luciano Vianelli, do Hospital Vera Cruz, o crescimento da demanda por medicamentos psiquiátricos no SUS está relacionado a fatores como o envelhecimento da população e a pressão no mercado de trabalho.
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Entre os medicamentos disponíveis no SUS estão fluoxetina, sertralina, clonazepam, haloperidol, carbonato de lítio e diazepam.
Mulheres são maioria entre os pacientes atendidos
O consumo é maior entre pacientes do sexo feminino, que representam cerca de 70% dos atendimentos em 2025.
O número de mulheres que retiraram medicamentos subiu de 32.301 em 2024 para 66.848 no primeiro semestre deste ano — um aumento de 106,95%.
Entre os homens, o crescimento foi de 87,7%, passando de 15.409 para 28.923.
Faixas acima dos 40 anos concentram maior consumo
As faixas etárias com maior consumo estão entre 40 e 70 anos, com destaque para os idosos. Os maiores aumentos de 2024 para 2025 foram registrados entre pessoas de:
65 a 70 anos: 179,46%
70 a 75 anos: 177,42%
60 a 65 anos: 164,19%
75 a 80 anos: 158,96%
55 a 60 anos: 145,70%
Todas as faixas etárias já superaram, em 2025, o total de medicamentos dispensados em 2024.
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Pressão social e envelhecimento impulsionam aumento
Para o psiquiatra Luciano Vianelli, do Hospital Vera Cruz, o crescimento da demanda por medicamentos psiquiátricos no SUS está relacionado à pressão da vida moderna, especialmente no ambiente de trabalho, e à busca por soluções rápidas para o sofrimento emocional.
“Hoje está cada vez mais difícil de lidar com os sentimentos de frustração e, como há uma grande competitividade na vida moderna, principalmente no mercado de trabalho, as pessoas precisam ficar bem para continuar produzindo e não têm muito tempo para lidar com o sofrimento psíquico, com a angústia”, explica.
Segundo o psiquiatra, o envelhecimento da população no ambiente de trabalho também podem explicar o aumento.
"Essa população de 40 anos está mais economicamente ativa, ela está sendo mais exigida no mercado de trabalho. E isso também contribui para os quadros de estresse, os quadros de depressão, ansiedade, agravados pela pressão que ocorre no ambiente de trabalho", avalia.
Vianelli também aponta que o preconceito em relação ao uso de medicamentos psiquiátricos diminuiu, o que contribui para o aumento da procura.
“A psiquiatria também está se modernizando, os medicamentos se modernizaram e as pessoas estão mais informadas sobre o transtorno mental”, afirma.
O que diz a Saúde?
Em nota, a Secretaria de Saúde de Campinas informou que o aumento na dispensa de medicamentos está atrelado "ao contínuo crescimento de atendimentos a pacientes com questões de saúde mental registrados pelo SUS Municipal".
"Entre os fatores que explicam os indicadores está a mudança na percepção sobre o assunto, a ampliação da Rede de Atenção Psicossocial e o fortalecimento das equipes nos centros de saúde. A análise dos dados precisa considerar ainda reflexos da pandemia de covid-19, incluindo os impactos sociais e econômicos, e o fato de que o cuidado com a saúde mental tem sido amplamente discutido como fundamental para prevenção às doenças e bem-estar geral", destaca.
A cada hora, mais de 20 pessoas retiram medicamentos para saúde mental pelo SUS em Campinas (SP).
Reprodução EPTV
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